O jornalista Gabriel Gondim conheceu Brasília ainda em construção. Veio à cidade enviado pelo jornal Gazeta de Notícias de Fortaleza, sua cidade natal, para registrar a criação e construção da nova capital do Brasil — e foi amor à primeira vista! Encantado com a cidade, em 1962 trouxe a família, e aqui viveu por 36 anos, dedicando toda a sua vida a reunir um acervo sobre a história da jovem cidade.

Segundo o Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal, o acervo de Gondim é o mais completo do mundo sobre a história de Brasília. Seus mais de 33.000 itens incluem negativos, slides, livros, mapas originais com as fazendas desapropriadas para a construção da cidade e selos comemorativos da inauguração, alguns inclusive autografados por JK. Há, também, suvenires da época, tais como garrafinhas com poeira da cidade, que na época eram vendidas aos turistas; flâmulas da inauguração; itens exclusivos que fazem jus a um colecionador obsessivo, como, por exemplo, os óculos e uma gravata de JK doados por Dona Sarah; e alguns mais exóticos, como a pá e as alças da urna funerária usadas no sepultamento de Juscelino, doadas pelo coveiro que exumou o corpo do ex-presidente para transferi-lo ao Memorial JK .

Alguns objetos raros e exclusivos também fazem parte da coleção, como o relógio suíço banhado a ouro, com a efígie de JK; e as medalhas de ouro 11 quilates, com certificado. As medalhas, desenhadas por Oscar Niemeyer para a inauguração de Brasília, foram cunhadas na Casa da Moeda britânica, em Londres, e presenteadas às autoridades que compareceram à inauguração da cidade.

Gabriel Gondim faleceu em 1994. Seus filhos acreditam que a causa de sua morte tenha sido a tristeza por nunca ter concretizado seu maior projeto de vida: a construção de um museu. Ary Cunha, então diretor do Correio Braziliense, fez questão que o jornal arcasse com todas as despesas do funeral do pioneiro que guardou por 36 anos a história da cidade. Foi uma forma de homenagear aquela personalidade tão importante para Brasília.